terça-feira, 22 de maio de 2007

Arquivo - Nos bastidores do "Hora H"

Ídolo de infância para muitos portugueses, o humorista Herman José tem um novo desafio: "Hora H". O "NM" foi visitar os bastidores do programa de televisão e mostra-lhe o outro lado do ecrã.
Numa sala de uma família de classe média tradicional, os actores ensaiam mais um sketch do programa de televisão. Boa disposição é a palavra de ordem nos bastidores de “Hora H”. Os ensaios dos textos decorrem ao mesmo tempo que se acertam os pormenores técnicos de luz, som, enquadramento das câmaras, adereços e tudo o mais que vai completar a cena. Enquanto se faziam os últimos ajustes, deu tempo para Herman José ensinar um pouco de culinária, com a explicação de como fazer um bife tártaro que iria ser usado no “jantar”. Pelo meio, algumas anedotas que não podem ser reproduzidas e conversas de ocasião entre técnicos e artistas. Tudo sob o olhar atento do realizador José Cruz.Depois de gravada a cena que ficou “feita” com apenas dois takes, é tempo para a mudança de roupa dos artistas e alteração de cenários. Foi neste “intervalo” que o NM falou com os intervenientes nesta nova série cómica da SIC.
“Gravações divertidas”
A primeira pessoa a falar com o NM foi a experiente Ana Bola. “As gravações têm estado a ser muito divertidas, como sempre que se trabalha com o Herman”, revela. E apresenta-se: “tenho estado a fazer até agora duas personagens fixas, a Renata Raleiras (jornalista) e uma emigrante francesa, que é empregada de bar”. No que diz respeito às audiências, a actriz é peremptória: “apesar do horário a que é transmitido - demasiado tarde - acredito que temos em mãos um bom projecto com o regresso do Herman ao que ele melhor faz em televisão”. Por seu turno, o actor Manuel Marques considera que o “Hora H” e “Gato Fedorento” são “campeonatos diferentes”, revelando que o seu personagem favorito é o “Raposinho”, interpretado pelo Herman. “Ainda estamos todos a procura de entrar mais nos diversos papéis”, confessa.
Ambiente de trabalho elogiado
César Mourão é um estreante. “Trabalhar com Herman é fantástico, porque desde miúdo sou fã dele”, explica. E prossegue: “sinto-me ainda um pouco fora da realidade. Ser um estreante num elenco de luxo é chato, principalmente para eles [risos]”.O actor estreante não poupa elogios a toda a equipa. “Além de grandes profissionais são muito simpáticos e o ambiente de trabalho é extraordinário, aspectos positivos que influenciam as próprias gravações”, revela. E acrescenta: “superou todas as minhas expectativas, pois vim um bocado a medo e eles receberam-me da melhor maneira possível”. Maria Vieira, um dos rostos que há muito nos habituamos a ver ao lado de Herman José, partilha das mesma opinião. “Um dos dons do Herman é criar um bom ambiente de trabalho, o que neste programa não tem sido excepção e isso passa para os telespectadores”, disse a humorista, resumindo: “tenho dito que é um regresso ao passado, com os olhos postos no futuro. Há personagens que penso que vão criar grande empatia com o público como o personagem “Raposinho”, ou os ditos “beijinho bom” e “eu não engravidei ninguém”.Quanto às personagens que interpreta, Maria Vieira destaca a “Dona Coisinha”. “Já contribuí para a limpeza do estúdio, pois já rastejei por todo o lado [risos]”, conta, sublinhando: “como fico tanto tempo deitada no chão, começo a fazer abdominais de tal maneira que depois apetece-me ficar estendida, acabando por dar mais realismo à personagem”.
Está a ganhar qualidade, diz Herman
Foi enquanto vestia a pele de cozinheiro para o próximo “quadro”, que o NM trocou algumas palavras com o líder da equipa. “As gravações têm estado a correr muito bem”, revela Herman José. “A ausência de atritos e o ambiente de trabalho é de tal maneira agradável, que nos dá a sensação de que a qualquer momento alguma coisa pode correr mal”, brinca.O humorista confessa ser fã da “Hora H”. “Estive a ver o último programa que ficou pronto e adorei. Acho que, desde o quarto episódio, houve um grande salto qualitativo”, revelou.Habituado a ditar frases e a elaborar tiques da moda na interpretação das suas personagens, Herman não consegue, nesse âmbito, prever o futuro. “Apesar de alguns tiques começarem a ser usados pelas pessoas na rua é difícil prever quais serão os que vingarão, pois não é o tipo de coisa que se faça em laboratório”, avança.Ao seu lado, Maria Rueff reforça: “o ‘beijinho bom’ já anda por aí na boca das pessoas”.
Herman gosta dos “gatos”
A comparação com o “Gato Fedorento” não aflige Herman José. “É próprio do ser humano competir - por isso, é que o futebol ou outros desportos têm tanto sucesso - e neste campo artístico é muito subjectivo dizer quem faz melhor”, afirma, e dá como exemplo a pintura: “Picasso ou Dalí? Qual o melhor”.No entanto, o humorista diz gostar muito dos quatro “gatos”. “Foram meus autores durante vários anos e revejo-me naquilo que eles dizem e fazem”, recorda. Os olhos estão, contudo, postos no futuro. “Actualmente, estou a trabalhar com uma equipa de oito guionistas e eu também escrevo algumas coisas, as cantigas, por exemplo”, desvenda.Maria Rueff não gosta de falar em competição, nem das fracas audiências. “Sei bem o que isso é, porque já tive essa experiência com o “Programa da Maria”, apesar de hoje em dia continuar a ser um programa acarinhado pelo público, mas na altura foi um fracasso”, recorda a actriz, que garante: “este projecto está a ser feito com muito cuidado e foge um pouco ao comercial. Infelizmente, ainda não há em Portugal uma franja muito grande de público para estes produtos”. Apesar de tudo, Rueff faz um balanço positivo: “tem havido momentos óptimos”. E exemplifica: “o ‘Yuri’ interpretado pelo Herman está ao nível do melhor que se faz lá fora”.
A equipa que não se vê
Depois de deixar os camarins, o NM falou com alguns dos técnicos que trabalham diariamente nas gravações. “É um privilégio para qualquer profissional desta área trabalhar com um homem [Herman] desta dimensão e com esta capacidade de liderança”, revela Hugo Silva, assistente de realização. “Devido ao seu nível de exigência todos tentam superar-se. As pessoas em casa podem pensar que isto é fácil, mas são muitas horas de trabalho. Gravamos três vezes por semana, cerca de 12 horas por dia, para produzir 15 minutos de programa”, esclarece aquele técnico.Depois das gravações, as imagens entram em fase de pós-produção de áudio e vídeo, o que demora mais três dias, segundo António Simão, responsável por esta “máquina” bem “oleada”, que faz um programa por semana. Existe um avanço de dois programas em relação ao que está a ser exibido, para suprir qualquer eventualidade que surja.No total, a equipa de trabalho é de cerca de 70 pessoas para levar até nossas casas alguns dos “bonecos”, que, em breve, correm o risco de se tornarem clássicos como outros saídos da mesma “fábrica”.

[Publicado em 16-03-2007 no jornal Noticias da Manha]
http://www.noticiasdamanha.net/

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